A
chamada PEC da Blindagem, proposta que buscava ampliar as prerrogativas
parlamentares e criar salvaguardas contra ações judiciais consideradas
abusivas, foi arquivada nesta quinta-feira (25) pelo presidente do Senado, Davi
Alcolumbre (União-AP). A decisão vem logo após a rejeição unânime da matéria
pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), sinalizando a falta de clima
político para avançar com a proposta.
O
movimento tem impacto direto não apenas no Legislativo atual, mas também nas
costuras políticas que miram as eleições de 2026. Ao determinar o arquivamento,
Alcolumbre mandou um recado: prefere preservar sua liderança no Senado e sua
imagem pública a se desgastar em defesa de um texto que encontrou resistência
tanto na opinião pública quanto dentro do próprio Congresso.
Relação com a Câmara em
Risco
O
gesto, no entanto, pode abrir uma fissura na relação com a Câmara dos
Deputados, em especial com o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB), que havia
se mostrado mais receptivo à discussão da PEC. Motta vinha sinalizando que a
proposta poderia ser reelaborada e votada, mas a decisão de Alcolumbre encerra,
ao menos por agora, qualquer possibilidade de avanço.
Nos
bastidores, a leitura é de que a relação entre os dois presidentes pode
“azedar”, gerando atritos na pauta conjunta das Casas Legislativas. A harmonia
entre Câmara e Senado é estratégica para a aprovação de projetos de interesse
do Executivo, e um distanciamento pode comprometer a agenda do governo Lula em
matérias de médio e longo prazo.
A Conjuntura Política
O
arquivamento da PEC também fortalece a imagem de Alcolumbre como um ator
político pragmático, capaz de recuar diante de derrotas evidentes. Isso pode se
converter em capital político para as eleições de 2026, quando o senador
amapaense buscará ampliar seu protagonismo, seja no Senado ou em novas
articulações nacionais.
Já
Hugo Motta, que desponta como uma das jovens lideranças da Câmara, vê no
episódio uma derrota estratégica. A dificuldade em manter alinhamento com o
Senado pode ser explorada por adversários internos, especialmente em disputas
pela sucessão da presidência da Casa em 2027.
Reflexos em 2026
O
episódio também dialoga com o cenário eleitoral de 2026. Alcolumbre,
articulador habilidoso, poderá usar o desgaste de Motta para se consolidar como
figura de equilíbrio entre o Senado e o Planalto, buscando ampliar sua rede de
alianças em estados-chave.
Enquanto
isso, deputados alinhados a Motta podem reagir com maior autonomia, tensionando
a relação entre as Casas e dificultando votações de interesse do governo
federal. Essa instabilidade pode pesar diretamente na campanha de Lula ou de
seu sucessor político, afetando a narrativa de governabilidade.
No
pano de fundo, a derrota da PEC da Blindagem mostra que, a menos de dois anos
do próximo ciclo eleitoral, o Congresso já se move em lógica de 2026, em que
cada decisão é medida não apenas pelo impacto imediato, mas sobretudo pelo
cálculo eleitoral de médio prazo.








